A BIO4PLAS, instalada na Zona Industrial de Cantanhede, surge como uma oportunidade de negócio e um grande compromisso – tanto pela natureza específica deste sector de actividade, como pela conjuntura aparentemente desfavorável que tem marcado os últimos tempos. Mas quando o sonho fala mais alto, ancorado nas competências, nos argumentos da proposta e na ambição de estar no pelotão da frente de quem pensa e produz futuro sustentável, nada consegue demover quem assume a responsabilidade de ousar e, a partir daí, investir numa aventura com tudo para ser bem-sucedida. As raízes da BIO4PLAS nasceram, precisamente, da vontade de dar um efectivo contributo para um planeta que desejamos – e cremos – ser possível. Fruto de uma aposta de quatro profissionais de áreas tão diversas como a indústria dos plásticos, o agro-alimentar, as aplicações e desenvolvimentos industriais e a gestão financeira.

“Os desafios iniciais foram tamanhos, até porque a época, Abril de 2020, não augurava nada de bom… Mesmo assim, desde logo se começaram a desenvolver, em parceria com o PIEP – Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros, os primeiros produtos a uma escala laboratorial”, revela Jorge Martins, bord member e fundador da BIO4PLAS.

Entretanto, em Outubro, deram-se passos na produção industrial. No que reporta ao enquadramento estratégico e aos objectivos a atingir, desenvolveu-se um trabalho de grande minúcia na identificação do universo de empresas interessadas em encontrar soluções inovadoras, sustentáveis e com reduzido impacto ambiental. “Este é o nosso público-alvo” – reforçam os autores do projecto. E com base nessa premissa, o produto apresenta-se como mais-valia para as empresas de injeção e extrusão de matéria-prima plástica, existindo uma variedade de aplicações perante uma diversidade de mercados.

Os biocompósitos configuram uma alternativa de grandes virtualidades, o que confere à BIO4PLAS a dimensão de novo player da – cada vez mais emergente – economia circular. E perante este desafio, tão aliciante quanto exigente, a empresa entende que o seu papel “é delineado pela capacidade de reciclagem dos resíduos plásticos, assim como dos desperdícios vegetais provenientes das actividades agro-industriais”. Uma circularidade estruturante, que “está na base da alternativa”. Aqui, há um efectivo compromisso de inovação, colocado na parceria com os fabricantes de produtos de plástico, apontando ao biodegradável e reciclável, e à natural redução dos materiais sintéticos. “A BIO4PLAS vê nessa redução – e na incorporação das fibras naturais – a tática para tornar os biocompósitos mais ecológicos”. As parcerias com as unidades de investigação e desenvolvimento, por exemplo com o PIEP, permitem aportar inovação ao produto. “A experiência e o conhecimento dos sócios start-up funcionam como mola-real, criada em período de pandemia, com tudo o que isso representa em termos de ousadia”. Olhando em frente, a empresa tem um portefólio tão diverso e inovador que se torna quase impossível destacar esta ou aquela referência. “São tantas as possibilidades que não é prudente, nem adequado ir por aí. As aplicações dos biocompósitos ganham uma cor natural, constituem peças mais leves – e são eco-friendly”, explica Jorge Martins. Vale, no entanto, referir o primeiro biocompósito BIO4PLAS certificado, cujo efeito propulsor na dinâmica da empresa é manifesto. “Olhámos para um sector, o da indústria alimentar, com enorme vontade de criar um produto que pudesse ter aplicação nas embalagens para contacto com os alimentos”.

Foram realizados testes, desenvolvidos ensaios e, já em Agosto, a empresa recebeu a certificação. Novos produtos vão surgir e a procura, por certo, aumentar. Há neste projecto todas as atenções ao controlo de qualidade, no respeito pelos impactos ambientais e pelos padrões-standard de segurança. São normas definidoras da matriz fundadora da BIO4PLAS como empresa sustentável em todas as vertentes. Económica, social e ambiental. Quando a reportagem da CA Revista acontece, está a ser implementado um Sistema Integrado de Gestão, Qualidade, Ambiente e Segurança. É fundamental cumprir escrupulosamente os requisitos e manter irrepreensível o nível de exigência. É chegada a hora de o mundo olhar para a adopção de materiais e processos sustentáveis, como uma inevitabilidade. “A luta contra o plástico convencional tem de ser, definitivamente, uma constante da vida de qualquer cidadão, num contexto óbvio, premente e crítico”. A BIO4PLAS defende, com argumentação robusta, que os seus produtos estão entre as soluções que caminham na dianteira desse combate. E como empresa inovadora, inclusiva e responsável, não abdica de preferir e apostar em parceiros que compartilhem os mesmos valores. “Por isso nos identificamos com as práticas de sustentabilidade exercidas pela política de actuação do Crédito Agrícola, designadamente no que toca ao desenvolvimento social das comunidades locais”, sublinha Jorge Martins, assinalando que o plano estratégico da BIO4PLAS afina por aí. Assumindo, também ela, o compromisso com um futuro mais presente do que nunca.